Traços exóticos da 'partícula de Deus' surpreendem físicos
Se confirmado, o comportamento anômalo da partícula seria a deixa para uma nova era da física.
Sua existência, em resumo, explicaria porque o Sol pode produzir sua energia e criaturas como nós podem existir.
Dada sua importância para a consistência do Universo (e fazendo uma analogia com a história bíblica da torre de Babel), o físico ganhador do Nobel Leon Lederman deu ao bóson o apelido de "partícula de Deus".
Para analisar o bóson de Higgs, é preciso primeiro produzir uma colisão entre prótons em altíssima velocidade -função primordial do LHC.
Então, do impacto de alta energia, surgem montes de novas partículas, dentre as quais o Higgs, que rapidamente decai, como se diz.
É que, por ser muito instável, o bóson se "decompõe" quando a energia da colisão diminui. Aparecem, no lugar dele, outras partículas. É esse subproduto que pode ser detectado e indicar a existência do bóson de Higgs.
Físicos encontram provável 'partícula de Deus'
A
confirmação da nova partícula é resultado das pesquisas que têm sido
realizadas no maior acelerador de partículas do mundo, o LHC (Grande
Colisor de Hádrons) Leia mais
Os dados coletados até aqui são suficientes para apontar a existência da partícula, mas suas características específicas ainda não puderam ser determinadas.
"Estamos ainda num estágio inicial da exploração das propriedades dela", diz Éboli. "Contudo, há uma indicação de que o Higgs decaia mais em dois fótons [partículas de luz] do que seria esperado no Modelo Padrão."
Os resultados dessa análise preliminar foram divulgados no Arxiv.org, repositório de estudos de física na internet, e abordados na revista "Pesquisa Fapesp".
SURPRESA BEM-VINDA
A novidade anima os cientistas. "Para a maioria dos físicos, o Modelo Padrão é uma boa representação da natureza, mas não é a teoria final", afirma Éboli.
"Se de fato for confirmado que o Higgs está decaindo mais que o esperado em dois fótons, isso pode significar que novas partículas podem estar dentro do alcance de descoberta do LHC."
Poderia ser o primeiro vislumbre de um novo "zoológico" de tijolos elementares da matéria. Previa-se que essas partículas exóticas começassem a aparecer com as energias elevadas do LHC.
Tudo muito interessante, mas nada resolvido.
"É um trabalho muito sério, mas eu acho que ainda é muito cedo para se tirar qualquer conclusão se se trata ou não do Higgs padrão", afirma Sérgio Novaes, pesquisador da Unesp que participa de um dos experimentos que detectaram o bóson de Higgs.
"Até o final do ano as coisas estarão um pouco mais claras", avalia ele.
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