(Lonomia) Acidentes II
Acidente por Lonômia
ACIDENTES POR LEPIDÓPTEROS
Acidentes causados por insetos da ordem Lepdóptera, tanto na forma
larvária como na adulta. Na forma adulta são provocados pelo contato com
cerdas da mariposa fêmea da Hylesia sp, levando a
um quadro de dermatite pápulo-pruriginosa. As larvas de
lepidópteros têm o corpo coberto de pêlos ou espinhos, os acidentes
provocados por formas larvárias (lagartas urticantes), denominado
erucismo, desenvolvem dermatite urticante e, se a lagarta for do
gênero Lonomia sp, desenvolve síndrome hemorrágica.
Existem lagartas desprovidas de pêlos ou espinhos e que não tem interesse toxicológico.
As principais famílias de lepidópteros causadoras de erucismo são: Megalopygidae, Saturniidae e Arctiidae (Pararama, no norte do Brasil). Família Megalopygidae: popularmente conhecidas por lagarta-de-fogo, taturana-gatinho, chapéu-armado. Possuem cerdas ou pelos. São solitários.
Família Saturniidae:
conhecidas como mandarová, mandoravá, taturana,
lagarta-de-fogo, “fire-caterpillar”. Apresentam “espinhos” ramificados e
pontiagudos de aspecto arbóreo, com glândulas de veneno no ápice. Nesta
família estão as lagartas do gênero Lonômia sp, causadoras de Síndrome Hemorrágica. Possuem hábitos gregários.
TATURANA (Lonomia)
As lagartas, também conhecidas como lagartas de fogo e oruga, são larvas das mariposas.
Vivem durante o dia agrupadas nos troncos de árvores, onde causam acidentes em contato com seus espinhos.
*Dermatite Urticante Causada por Contato com Lagartas de Vários Gêneros (exceto Lonomia sp):
Ação do Veneno: Não totalmente conhecida. Histamina.
Quadro Clínico:
Manifestações do tipo dermatológicas e dependem da intensidade e
extensão do contato. Dor local intensa em queimação, edema, eritema,
eventualmente prurido local. Infartamento ganglionar regional. Nas
primeiras 24h a lesão pode evoluir com vesiculações. Raramente
pode ocorrer mal estar, náuseas, vômitos e diarréia. Quadro regride
totalmente em 2-3 dias, no máximo.
Tratamento:
Lavagem da região com água fria, antissépticos, compressas frias, uso
tópico de corticóides e cremes anestésicos; se muita dor: analgésicos
via oral ou infiltração local com anestésico tipo lidocaína a 2%,
elevação do membro acometido, se reação alérgica importante, usar
anti-histamínicos e corticóides. No caso de tremores pode-se
utilizar Gluconato de Cálcio 10% EV.
OBS: “Devido possibilidade de se tratar de acidente hemorrágico por Lonomia sp,
todo o paciente que não levar a lagarta ou se houver dúvidas na
identificação, deve ser monitorado com controle e observação até 2 dias
após o contato com lagartas urticantes ou deve retornar ao serviço
médico se apresentar sangramento nesse período”.
* Síndrome Hemorrágica por Contato com Lonomia:
Verifica-se incidência crescente na Região Sul, com uma maior freqüência de acidentes nos meses de novembro a abril.
Ação do Veneno:
Não bem esclarecida. Fosfolipase, substância caseinolítica e ativadora
de complemento. Verifica-se atividade fibrinolítica intensa e
persistente, associada a uma ação pró-coagulante moderada. Há diminuição
dos níveis do Fator XIII, responsável pela estabilização da fibrina e
controle da fibrinólise. Não há alteração nas plaquetas.
Quadro Clínico:
É a forma mais grave de erucismo. Além do quadro local imediato de
dermatite urticante, podem tardiamente surgir cefaléia
holocraniana, mal-estar geral, náuseas e vômitos, ansiedade,
mialgias, dores abdominais, hipotermia, hipotensão. Em 1 a 48 horas:
discrasia sangüínea com ou sem manifestações hemorrágicas, que aparecem
de 8 a 72 horas após o contato: equimoses, hematomas de aparecimento
espontâneo ou provocados por traumas ou em lesões cicatrizadas,
hemorragias de cavidade mucosa, hematúria, sangramentos em
feridas recentes, hemorragias intra-articulares, abdominais, pulmonares,
glandulares e hemorragia intraparenquimatosa cerebral.
De acordo com intensidade dos
distúrbios hemostáticos, o acidente pode ser classificado em: Leve,
Moderado e Grave (ver quadro resumo no final do capítulo).
Sendo a lagarta não identificada ou identificada como Lonomia sp,
deve-se verificar a presença de hemorragias e alteração na coagulação.
Se o TC (Tempo de Coagulação) estiver normal e não houver sangramento, o
paciente deve ser acompanhado por 48h com avaliação do TC a cada 12
horas. Se o TC estiver alterado ou houver evidências de sangramento,
confirma-se o diagnóstico de Síndrome Hemorrágica.
Tratamento:
Local: O mesmo indicado para outras lagartas urticantes.
Geral: Nos
acidentes com manifestações hemorrágicas, o paciente deve ser mantido em
repouso, evitando-se traumas mecânicos. Agentes antifibrinolíticos têm
sido utilizados (ácido épsilon-aminocapróico, aprotinina), discutível.
Concentrado de hemáceas para corrigir anemia.
Sangue total ou plasma frescos são contra-indicados, pois podem acentuar o quadro de coagulação intravascular.
Soro Antilonômico (SALon) produzido
pelo Instituto Butantan está em fase de ensaios clínicos e de
utilização restrita. Doses: ver quadro-resumo no final do capítulo.
O prognóstico é reservado para
acidentes com elevado número de lagartas e contato intenso, para idosos,
para patologias prévias do tipo hipertensão arterial, úlcera péptica e
traumatismos mecânicos pós-contato.
QUADRO RESUMO DAS
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS E TRATAMENTO NOS ACIDENTES POR
LONÔMIA DE IMPORTÂNCIA TOXICOLÓGICA NO ESTADO DO PARANÁ
LONOMIA
QUADRO CLÍNICO
AVALIAÇÃO INICIAL
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MANIFES-TAÇÕES LOCAIS
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MANIFES-TAÇÕES SISTÊMICAS
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ALTERAÇÕES LABORA-TORIAIS
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TRATAMENTO ESPECÍFICO
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TRATAMENTO COMPLEMENTAR E SINTOMÁTICO
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LEVE
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- Dor imediata
- Sensação de queimadura
- Edema local
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- Sem alteração do estado geral
|
- Tempo de coagulação e fibrinogênio normais
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__________
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- Entrar em contato com o CCE/CIT
- Controle do TC a cada 24h
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MODERADA
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- Dor imediata
- Sensação de queimadura
- Edema local
|
- Náusea, vômito, mal-estar, febre
- Sangramento de pele e mucosas (hematomas gengivorragia)
- Sem risco de vida
|
- Tempo de coagulação e fibrinogênio alterados
|
__________
|
- Entrar em contato com o CCE/CIT
- Controle do TC a cada 24h
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GRAVE
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- Dor imediata
- Sensação de queimadura
- Edema local
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- Sangramento visceral (melena, hemorragia intracraniana e outros)
- com risco de vida
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- Tempo de coagulação, hemograma, fibrinogênio alterados, uréia e creatinina alteradas
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__________
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- Entrar em contato com o CCE/CIT
- Controle do TC a cada 24h
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ABREVIAÇÕES
T.C. - Tempo de Coagulação
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CCE - Centro de Controle de Envenenamento
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