domingo, 9 de março de 2014

Taturana Lonomia

(Lonomia) Acidentes II

Acidente por Lonômia
ACIDENTES POR LEPIDÓPTEROS
Acidentes causados por insetos da ordem Lepdóptera, tanto na forma larvária como na adulta. Na forma adulta são provocados pelo contato com cerdas da mariposa fêmea da Hylesia sp, levando a um quadro de dermatite pápulo-pruriginosa. As larvas de lepidópteros têm o corpo coberto de pêlos ou espinhos, os acidentes provocados por formas larvárias (lagartas urticantes), denominado erucismo, desenvolvem dermatite urticante e, se a lagarta for do gênero Lonomia sp, desenvolve síndrome hemorrágica.
Existem lagartas desprovidas de pêlos ou espinhos e que não tem interesse toxicológico.
As principais famílias de lepidópteros causadoras de erucismo são: Megalopygidae, Saturniidae e Arctiidae (Pararama, no norte do Brasil). Família Megalopygidae: popularmente conhecidas por lagarta-de-fogo, taturana-gatinho, chapéu-armado. Possuem cerdas ou pelos. São solitários.
Família Saturniidae: conhecidas como mandarová, mandoravá, taturana, lagarta-de-fogo, “fire-caterpillar”. Apresentam “espinhos” ramificados e pontiagudos de aspecto arbóreo, com glândulas de veneno no ápice. Nesta família estão as lagartas do gênero Lonômia sp, causadoras de Síndrome Hemorrágica. Possuem hábitos gregários.
TATURANA (Lonomia)

As lagartas, também conhecidas como lagartas de fogo e oruga, são larvas das mariposas.
Vivem durante o dia agrupadas nos troncos de árvores, onde causam acidentes em contato com seus espinhos.


*Dermatite Urticante Causada por Contato com Lagartas de Vários Gêneros (exceto Lonomia sp):
Ação do Veneno: Não totalmente conhecida. Histamina.
Quadro Clínico: Manifestações do tipo dermatológicas e dependem da intensidade e extensão do contato. Dor local intensa em queimação, edema, eritema, eventualmente prurido local. Infartamento ganglionar regional. Nas primeiras 24h a lesão pode evoluir com vesiculações. Raramente pode ocorrer mal estar, náuseas, vômitos e diarréia. Quadro regride totalmente em 2-3 dias, no máximo.
Tratamento: Lavagem da região com água fria, antissépticos, compressas frias, uso tópico de corticóides e cremes anestésicos; se muita dor: analgésicos via oral ou infiltração local com anestésico tipo lidocaína a 2%, elevação do membro acometido, se reação alérgica importante, usar anti-histamínicos e corticóides. No caso de tremores pode-se utilizar Gluconato de Cálcio 10% EV.
OBS: “Devido possibilidade de se tratar de acidente hemorrágico por Lonomia sp, todo o paciente que não levar a lagarta ou se houver dúvidas na identificação, deve ser monitorado com controle e observação até 2 dias após o contato com lagartas urticantes ou deve retornar ao serviço médico se apresentar sangramento nesse período”.

* Síndrome Hemorrágica por Contato com Lonomia:
Verifica-se incidência crescente na Região Sul, com uma maior freqüência de acidentes nos meses de novembro a abril.
Ação do Veneno: Não bem esclarecida. Fosfolipase, substância caseinolítica e ativadora de complemento. Verifica-se atividade fibrinolítica intensa e persistente, associada a uma ação pró-coagulante moderada. Há diminuição dos níveis do Fator XIII, responsável pela estabilização da fibrina e controle da fibrinólise. Não há alteração nas plaquetas.
Quadro Clínico: É a forma mais grave de erucismo. Além do quadro local imediato de dermatite urticante, podem tardiamente surgir cefaléia holocraniana, mal-estar geral, náuseas e vômitos, ansiedade, mialgias, dores abdominais, hipotermia, hipotensão. Em 1 a 48 horas: discrasia sangüínea com ou sem manifestações hemorrágicas, que aparecem de 8 a 72 horas após o contato: equimoses, hematomas de aparecimento espontâneo ou provocados por traumas ou em lesões cicatrizadas, hemorragias de cavidade mucosa, hematúria, sangramentos em feridas recentes, hemorragias intra-articulares, abdominais, pulmonares, glandulares e hemorragia intraparenquimatosa cerebral.
De acordo com intensidade dos distúrbios hemostáticos, o acidente pode ser classificado em: Leve, Moderado e Grave (ver quadro resumo no final do capítulo).
Sendo a lagarta não identificada ou identificada como Lonomia sp, deve-se verificar a presença de hemorragias e alteração na coagulação. Se o TC (Tempo de Coagulação) estiver normal e não houver sangramento, o paciente deve ser acompanhado por 48h com avaliação do TC a cada 12 horas. Se o TC estiver alterado ou houver evidências de sangramento, confirma-se o diagnóstico de Síndrome Hemorrágica.
Tratamento:
Local: O mesmo indicado para outras lagartas urticantes.
Geral: Nos acidentes com manifestações hemorrágicas, o paciente deve ser mantido em repouso, evitando-se traumas mecânicos. Agentes antifibrinolíticos têm sido utilizados (ácido épsilon-aminocapróico, aprotinina), discutível. Concentrado de hemáceas para corrigir anemia.
Sangue total ou plasma frescos são contra-indicados, pois podem acentuar o quadro de coagulação intravascular.
Soro Antilonômico (SALon) produzido pelo Instituto Butantan está em fase de ensaios clínicos e de utilização restrita. Doses: ver quadro-resumo no final do capítulo.
O prognóstico é reservado para acidentes com elevado número de lagartas e contato intenso, para idosos, para patologias prévias do tipo hipertensão arterial, úlcera péptica e traumatismos mecânicos pós-contato.
QUADRO RESUMO DAS MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS E TRATAMENTO NOS ACIDENTES POR LONÔMIA DE IMPORTÂNCIA TOXICOLÓGICA NO ESTADO DO PARANÁ 
LONOMIA
QUADRO CLÍNICO
AVALIAÇÃO INICIAL
MANIFES-TAÇÕES LOCAIS
MANIFES-TAÇÕES SISTÊMICAS
ALTERAÇÕES LABORA-TORIAIS
TRATAMENTO ESPECÍFICO
TRATAMENTO COMPLEMENTAR E SINTOMÁTICO
LEVE
- Dor imediata
- Sensação de queimadura
- Edema local
- Sem alteração do estado geral
- Tempo de coagulação e fibrinogênio normais
__________
- Entrar em contato com o CCE/CIT
- Controle do TC a cada 24h
MODERADA
 - Dor imediata
- Sensação de queimadura
- Edema local
- Náusea, vômito, mal-estar, febre
- Sangramento de pele e mucosas (hematomas gengivorragia)
- Sem risco de vida

- Tempo de coagulação e fibrinogênio alterados
__________
- Entrar em contato com o CCE/CIT
- Controle do TC a cada 24h
GRAVE
- Dor imediata
- Sensação de queimadura
- Edema local
- Sangramento visceral (melena, hemorragia intracraniana e outros)
- com risco de vida
- Tempo de coagulação, hemograma, fibrinogênio alterados, uréia e creatinina alteradas
__________
- Entrar em contato com o CCE/CIT
- Controle do TC a cada 24h
ABREVIAÇÕES
T.C. - Tempo de Coagulação
CCE - Centro de Controle de Envenenamento

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